Sobre doenças mentais e pessoas sem noção

03 abril 2014

Oi! Eu sou a Olívia, colaboradora aqui no Baú dos Vinte aos domingos. Deixa eu te contar um segredo: ainda não tenho 20 anos. Mas falta menos de um mês, então escrevendo aqui eu já vou me acostumando com a ideia de ser tão velha - parece que foi ontem que eu brincava com os meninos da rua, jogava bete.

Mas esse aniversário provavelmente não vai ser tão legal. Eu ando bem deprimida, e quando você tem essa doença é difícil acreditar que um dia você já esteve melhor, quiçá que no futuro tudo vai ser feliz e lindo. Eu já tive algumas crises mais difíceis, contra essa eu estou conseguindo lutar contra. Mas não sozinha.

Sabe, eu nunca tinha conseguido pedir ajuda antes. Dessa vez eu consegui. Fez muita diferença. Eu tenho sorte de ter os amigos que tenho. Infelizmente, nem todos são como eu. Ao invés de apoio e compreensão, encontram julgamento. Gente dizendo que depressão não é doença de verdade, que tem pessoas vivendo coisas muito piores no mundo, que existem crianças na África passando fome, pacientes com câncer, dentre outras tragédias. Desculpa te dizer, mas não é assim que você vai me animar, colega.

Para entender melhor isso, veja a tirinha.

Em tradução livre: “Eu entendo que você tem intoxicação alimentar e tal, mas você deve pelo menos fazer um esforço"; “Você só precisa mudar sua perspectiva. Então você se sentirá melhor.”; “Você já tentou... sabe... não estar gripado?”; “Eu não acho saudável você tomar tantos remédios por dia só para se sentir normal. Você não se preocupa que isso está mudando quem você realmente é?”; “É como se você não estivesse nem tentando.”; “Bem, ficar deitado obviamente não está te ajudando. Você precisa tentar outra coisa.”

Pessoas que possuem alguma doença mental, mesmo que não seja depressão, ouvem esse tipo de coisa o tempo todo, muitas vezes de pessoas próximas, até mesmo dos pais. Já pensou se tratássemos doenças físicas do mesmo jeito? Fica estranho, rude. Eu entendo que quem nunca teve algum distúrbio mental nunca vai entender de verdade como é - parece que quem já teve depressão aprende uma outra língua, e quanto tentamos nos comunicar poucas pessoas entendem.

Meu ponto aqui é: se você tem um amigo, um filho, um parente, que apresenta algum sintoma dessas doenças, procure informação. Eu recomendo a leitura do livro “Demônio ao Meio-Dia, uma anatomia da depressão” de Andrew Solomon. E tente ajuda-lo, sem julgamento, mas com amor e, principalmente, empatia. 

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